O melhor filme sobre empreendedorismo de 2017
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É realmente imperdível.
Imagine que você é um vendedor de máquinas de milkshake, falido, com 52 anos - e todo o patrimônio que você tem é uma casa e um carro. E mais: já tentou empreender diversas vezes mas fracassou. Essa é a história por trás do "fundador" da rede de fastfood McDonald's.
Fome de Poder (The Founder em inglês) está em cartaz nos cinemas (estreou hoje - tive o privilégio de ver em uma sala onde só estávamos eu e minha namorada/sócia), e conta a história de como Ray Kroc comprou o modelo de negócios de uma pequena hamburgueria e a transformou em um sucesso global.
Na verdade "comprou" é um termo muito suave para ilustrar como foi processo de negociação e parceria com os irmãos McDonald's; mas você mesmo poderá tirar suas conclusões. Ray é interpretado por Michael Keaton, cuja performance é sensacional.
AVISO: A SEÇÃO ABAIXO CONTÉM SPOILERS (depois não diga que não avisei)
ALGUNS INSIGHTS BACANAS SOBRE O FILME
1. Vontade é tudo
Ray Kroc viu no negócio dos irmãos McDonald's o potencial para um negócio gigantesco. E disse isso a eles. Acontece que eles também tinham visto isso: e já até tinham tentado estabelecer uma rede de franquias, sem sucesso. No filme eles usam a frase "É melhor ter um único bom restaurante do que 50 ruins". Eles inventaram o processo de fastfood, e acabaram se apaixonando tanto por ele que não queriam mudanças. Queriam a perfeição. Bem, Ray Kroc não pensava exatamente assim.
Ele estava aberto a inovações, e acima de tudo, concentrado nas margens de lucro do negócio. Ele queria vencer, e faria tudo o que fosse preciso - mesmo que tivesse que implementar novidades no processo. Pegaria dinheiro no banco, falaria com amigos, varreria o chão. Ele não ia ficar sentado curtindo "um único bom restaurante". Ele queria todo o território americano. Esqueça a educação, esqueça o talento, esqueça a genialidade. Se você possuir vontade genuína vai prosperar.
Eu costumo dizer que tudo se dobra a maior vontade. E o filme mostra este conceito na prática. Se você quer, faça. Pegue. Corra. E que nada menos seja suficiente. O universo vai conspirar a seu favor. O filme mostra que praticamente nenhuma ideia veio da cabeça do próprio Ray, mas de outras pessoas. Ele apenas estava no lugar certo e na hora certa.
Coincidência?
2. As coisas vão dar errado
Em sua primeira conversa, os irmãos McDonald's contam a Ray que como tentaram franquear o negócio sem sucesso. E que antes disso tiveram que fazer duas inaugurações da lanchonete - pois da primeira vez o público (acostumado aos drive-ins onde garçonetes serviam os consumidores no carro) não comprou a ideia do selfservice (ir até a bancada, fazer o pedido, e comer em embrulhos de papel). Eles quase iam desistir, mas as coisas começaram a dar certo e as vendas apareceram.
O próprio Ray colecionava uma lista gigante de fracassos, de empreendimentos nos quais havia entrado sem sucesso. Foram 52 anos seguidos de insucessos. Ele era ridicularizado por amigos e por bancos. Porém ele não deixou de sonhar, de persistir, de perseguir o sonho de ser grande. E pra montar sua primeira franquia McDonald's precisou hipotecar (e quase perder) sua própria casa.
Mesmo no começo do negócio de franquias ocorreram problemas, que quase o levaram a falência. O fluxo de caixa estava desregulado, os franqueados não respeitavam os padrões da marca. Uma bagunça que quase o levou ao buraco.
Persistir. Persistir. Acreditar. Trabalhar duro. E ficar rico no processo.
3. Negócios são uma guerra. É cão comendo cão. Gato comendo gato.
Essa é uma frase dita por Ray no filme, aos irmãos criadores do hambúrguer mais famoso do mundo. O mundo dos negócios nem sempre é bonito, e pra ter sucesso pode ser necessário não ir pelo caminho dos valores tradicionais. É preciso ambição - e talvez certa dose de ganância.
Por exemplo: ao que tudo indica Ray prometeu royalties vitalícios de 1% sobre os lucros da empresa aos irmãos. Porém ele não assinou isso em contrato. E ao que consta, nunca pagou.
Você poderia pensar: "Que desonesto!" E de fato parece isso mesmo. Ocorre que esse é o mundo dos negócios. Ou você assina em contrato ou não está valendo. É assim.
Essa história se repete em outros casos, como no de Steve Jobs, que não quis ceder participações da Apple para diversos colegas do início da empresa. Estes megaempresários percebem sua contribuição para o negócio, e querem manter o controle. Nem sempre são éticos, é verdade, mas acabam construindo impérios.
4. Tem gente que nasceu pra crescer (e outros não)
É o caso dos irmãos McDonald's. Eles conseguiram criar um conceito arrebatador de negócios. Inovador e eficiente. Mas não queriam abrir mão do controle, se negavam a delegar. Era mais importante cuidar do pequeno negócio se envolvendo no operacional do que se arriscar em uma expansão "muito rápida".
Sem Ray Kroc não haveria um McDonald's global (hoje a rede alimenta, diariamente, cerca de 1% da população mundial). Ele tinha a vontade, e arriscaria o que fosse preciso para fazer funcionar. Não que seja ruim ter apenas uma unidade de negócios - bem pelo contrário, pode ser bastante lucrativo e satisfatório para o proprietário.
A questão é que quanto antes você perceber qual é o seu perfil, mais feliz será sua vida, com certeza. Se você assumir que um negócio local lhe é suficiente, empenhe-se ao máximo para fazê-lo prosperar. Se você deseja possuir 1.000 lojas, corra atrás disso. Das duas formas você só será feliz perseguindo o seu sonho verdadeiro. Ray era infeliz sendo um vendedor. Os irmãos McDonald's não estavam a vontade com uma expansão tão violenta dos negócios.
O filme propicia uma reflexão bastante interessante nesse sentido, pois confronta esses dois perfis de empreendedor.
5. E o segredo do sucesso do McDonald's é...
No filme Ray Kroc diz, o que, na opinião dele é a real origem do sucesso da empresa. Qual é fator-chave para tornar a empresa vencedora. E não é o processo de montagem rápida de lanches.
Quer saber o que é?
Assista o filme ;)