O que aprender com o Shark Tank Brasil para atrair investidores
O programa Shark Tank - um sucesso mundial produzido pela CNBC - aterrissa no Brasil para sua primeira temporada, transmitido pelo Canal Sony. A dinâmica é simples: 5 empresários de sucesso (Tubarões) assistem a pitches (apresentações) de startups em busca de investimento para alavancar seus negócios. Os Tubarões fazem ofertas de investimento em troca de algum percentual de participação nestes negócios iniciantes.
No Brasil, os Tubarões são:
- João Appolinário - Fundador da Polishop
- Carlos Wizard - Fundador da Wizard Idiomas
- Cris Arcangeli - Empresária do ramo cosmético
- Robinson Shiba - Fundador da China in Box e rede Gendhai
- Camila Farani - Presidente da Gávea Angels
- Sorocaba - Cantor sertanejo, empresário e investidor
Muitas negócios passam pelo programa, com as mais diferentes ideias: de triciclos acoplados a cadeiras de rodas até equipamentos para gelar cerveja mais rapidamente. Todos têm em comum o sonho dourado da expansão, aumentando seus lucros totais. Porém mesmo boas ideias saem de lá sem um acordo de investimento. Isso porque falham em alguns fundamentos básicos.
É importante ressaltar que podemos analisar apenas o que a edição do programa mostra, sabendo que a entrevista geral de cada empreendedor no programa deve ser bem mais demorada (e interessante) do que vemos na televisão.
Porém mesmo boas ideias saem de lá sem um acordo de investimento. Isso porque falham em alguns fundamentos básicos.
Se você busca um investimento externo na sua empresa, o Shark Tank Brasil pode lhe ensinar algumas lições valiosas. Olhando tanto para os sucessos quanto para os fracassos. Elenco 3 pontos-chave:
1. Seu valuation deve estar correto
Conhecer o valor financeiro real de sua empresa (valuation) ou ideia é fundamental. Muitos empreendedores que vão ao programa avaliam sua ideia/empresa mais com base em estimativas de mercado do que no realizado até o momento. Isso seria dizer que a avaliação é baseada mais em projeções de possíveis vendas futuras, do que em um histórico realista de progressos.
Uma das empresas postulantes a investimento chegou a avaliar sua ideia em 15 milhões de Reais, sem ter vendido nem uma única unidade ainda. Pode ser que, de fato, a ideia valha 15 milhões. Mas a questão é que ninguém vai acreditar nisso. As projeções que não levam conta histórico de conquistas são simplesmente isso: projeções. Na verdade não passam de desejos.
Algumas dicas para um correto valuation
- Se você já tem algum histórico de vendas, ele deve ser considerado como base de todas as projeções.
- Alguns autores dizem que uma avaliação correta gira em torno de 10 a 15 faturamentos. Ou seja, se sua empresa fatura R$ 10.000,00 por mês, ela deve ter um valor total em torno de R$ 150.000,00. Uma parcela de autores indica fazer essa conta tendo por base o faturamento anual (multiplicado por uma fator de 10 a 15) - porém acredito que o valuation resulte em um valor muito alto - e o retorno sobre investimento (ROI) podem ficar muito distantes.
- Caso sua empresa ainda não tenha vendido nenhuma unidade, busque informações de mercado com base em concorrentes ou serviços semelhantes. Empresas de contabilidade podem lhe dar boas dicas para um valuation correto.
2. Tenha um plano viável, claro, escalável e em etapas
É cômico ver como perguntas simples dos Tubarões como "Para quê você vai usar meu dinheiro?" tem o poder de deixar os empreendedores desconcertados. Isso porque eles não estavam preparados, não tem um plano sólido do que fazer com aquele investimento pretendido.
Para um plano de apresentação minimamente bom, alguns itens devem ser considerados como viabilidade, clareza e escalabilidade.
Algumas dicas para um bom business plan
- Pense por etapas. Com mais dinheiro, o que você faria primeiro? E logo em seguida? Quanto em crescimento estas ações devem gerar? Quais as metas para cada etapa?
- Seja claro. Pense em cada pergunta que você faria se fosse comprar uma empresa. É importante saber qual o faturamento estimado? Prepare-se para essa pergunta. Você gostaria de ter acesso a indicadores como o EBITDA? Integre alguns ao seu plano. Quanto mais números você puder relacionar, mais claro será seu business plan.
- Saiba qual a viabilidade. Você já fez algo que indique que seu plano é viável? Tem números para comprovar? Algum concorrente já fez algo do tipo? Viabilidade é a palavra de ouro para qualquer empresa. Sem viabilidade, sem negócios.
- Projete sua escala. Investidores buscam empresas que podem crescer com ampliando sua escala de vendas. Vender para o mercado regional não serve. Um negócio deve visar (pelo menos) o mercado nacional.
3. Saiba que dinheiro não é tudo
Muitos empreendedores buscam investimento pensando apenas no dinheiro. Mas a verdade é que dinheiro qualquer banco pode lhe fornecer. Um investimento é mais do que dinheiro, é uma parceria.
O ideal é que o investidor possa trazer sua expertise para o negócio. E isso vale mais do que qualquer quantia em dinheiro - pois é a expertise que vai fazer seu negócio crescer. Não adianta ter dinheiro se você o usar de maneira errada. Mas mesmo pouco dinheiro, se aplicado corretamente, pode alavancar suas vendas de forma significativa.
Me espanta ver que alguns empreendedores que recebem propostas de Tubarões no Shark Tank não fecham o acordo. Não querem abrir mão de um percentual maior de sua empresa, ou preferem seguir seus próprios planos. E com isso perdem uma oportunidade gigantesca de agregar know-how de alto valor para seu negócio. Se o sócio certo que entrar no seu barco, faça o possível para que isso aconteça. As vezes é melhor ter uma fatia mpequena de um bolo gigante do que comer um bolinho inteiro sozinho.
Se você ainda não assistiu esse programa, assista. Ele vai trazer insights bacanas para o seu negócio, mesmo que você não busque investimento.
Afinal, você pode acabar crescendo e se tornando, você próprio, um Tubarão ;)
Jean Michel Baú | Especialista em Marketing Digital de Alta Performance. CEO na Nigma